POR MÍRIAM LEITÃO – 18/08/2015

Incentivar o consumo em época de escassez só pode dar errado. Por causa da má administração do setor elétrico, nós, que já estamos cobrindo o rombo das distribuidoras, vamos agora pagar a conta das geradoras.

Os problemas do setor vão além da falta de chuvas. O governo reduziu o preço da energia e o consumo aumentou no período em que os reservatórios estavam esvaziando.

Era 2012, o período seco estava começando. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mandou as hidrelétricas diminuírem a produção para poupar a água dos reservatórios. Para cumprir os contratos de fornecimento, as geradoras foram obrigadas a comprar a diferença no mercado livre. A cotação disparou e criou um rombo gigante, algo como R$ 20 bi.

Nos contratos, o risco hidrológico era considerado parte do negócio; nas cheias, as geradoras tinham lucro a mais, e nas secas elas teriam prejuízo. Como ele ficou tão grande, as empresas procuraram o caminho da Justiça, que concedeu liminares para elas não pagarem o rombo.

O governo negocia agora o prolongamento das concessões, o que deve aliviar parte das perdas das hidrelétricas. O resto desse rombo vai ser pago pelos consumidores.

As decisões do governo conseguiram piorar o efeito da falta de chuvas.

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